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"Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é so um dia mais."
José Saramago

terça-feira, novembro 04, 2008

Jogo e aposta

Art. 1245º Código Civil.
Ou então.......


CASINO!




Correm-se riscos, fazem-se apostas, ganha-se e perde-se.
Muitas vezes até creio ser uma questão matemática, em que basta entender o seu funcionamento para fazer a melhor aposta.

Na vida ou na roleta?

Por vezes confundem-se, como agora…

E quando nos são trocadas as voltas?

A vida, tal como a roleta, não depende apenas de cada um.
Existem outros seres humanos, ou apostadores, em nosso redor que não permitem a uma só pessoa o controlo total da máquina.

Mas há que arriscar e ir apostando.
Ficar a vida toda a apostar no vermelho ou preto não dá para nada.
Perde-se muito pouco mas também não se ganha quase nada.
Estagna-se!
Há que deixar o medo e ver a roleta (ou a vida) girar!
Se assim não fosse, não tinha emoção!

E de todas as vezes olhamos para aqueles números, ou pensamos em certos momentos, quantas vezes não parece que são apenas lances desordenados?
Mas não são!
São eles que, de uma forma ou outra, nos vão permitir fazer a melhor aposta futura, nem que seja pela análise que lhes fizemos.


Gosto disto!




E num instante o casino tornou-se um lugar especial e a roleta um grande mistério.
Se se tratasse de um conto de fadas, a história terminaria por aqui.
Dado que assim não é, jogam unidos no jogo da vida (tantas vezes indecifrável, feita roleta), apostando no amor, no carinho, na compreensão…
Haverá melhor trunfo?


sábado, setembro 27, 2008

História quase verídica

Esta é a história de um menino, o Baah.
Como tantas histórias, tem uns aspectos verídicos e outros fantasiados.
Conheçam-na e apaixonem-se, como eu...
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Vivia na aldeia da Galeola, uma das muitas aldeias clandestinas, habitadas por imigrantes, neste nosso Portugal.
Chama-se Baah, é de origem guineense, e desde cedo (ou desde sempre) viveu em condições miseráveis, com o perigo à porta (ou até mesmo dentro de casa).
Na aldeia, era apenas mais um miúdo que iria seguir o caminho de todos os outros – o da droga e do crime.
Não se conhece outro naquelas bandas...
Subitamente, ao ver uma cena de pancadaria entre os pais, Baah, o menino tímido e quase sensível, encheu-se de coragem e num gesto conseguiu ser levado, juntamente com a sua mãe e a irmãzinha, para um local onde amor e afecto são o pão nosso de cada instante.
Entrou na escola para aprender muitas coisas.
E surpreendeu.
O Baah é um menino diferente...
Quando a professora lhe pede para pegar no lápis e fazer um desenho ou copiar uma letra do quadro, este responde com aquele olhar doce e em voz baixa, num semi-sorriso:
- Não sei...
Tantas vezes conviveu com armas que agora tem medo de pegar num simples lápis de carvão.
É diferente, não pior!
Não sei que tipo de homem será, um dia, o Baah.
Sei apenas que, agora, pode ser igual a todos os meninos da sua idade.
E é um herói entre os coleguinhas lá da escola.

terça-feira, setembro 09, 2008



Que os meus olhos se fechem e o meu corpo se embale...
Junto do teu!
Que a minha alma se solte e voe até ao sonho...
Com a tua!
Que todos os minutos continuem partilhados...
Contigo!

Não procurava nada nem ninguém, e encontrei-me...
Ao encontrar-te!

Acaso ou destino?

Atitudes certas nos momentos ideais!

Conhecimento + crescimento.
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Cumplicidade


Força


Garra
...que agarra.

Porque a plenitude constrói-se, a felicidade sente-se, o amor vive-se!

Quero sentir-te, tocar-te, ter-te, viver-te!



E que o SEMPRE exista em nós!

quarta-feira, agosto 06, 2008

Cada lugar... cada gesto... cada sensação!

Sei de cor cada lugar teu
Atado em mim, a cada lugar meu
Tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
Tento esquecer a mágoa
Guardar só o que é bom de guardar.

Pensa em mim protege o que eu te dou
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
Sem ter defesas que me façam falhar
Nesse lugar mais dentro
Onde só chega quem não tem medo de naufragar.

Fica em mim que hoje o tempo dói
Como se arrancassem tudo o que já foi
E até o que virá e até o que eu sonhei
Diz-me que vais guardar e abraçar
Tudo o que eu te dei.

Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
E o mundo nos leve p’ra longe de nós
E que um dia o tempo pareça perdido
E tudo se desfaça num gesto só.

Eu vou guardar cada lugar teu,
Ancorado em cada lugar meu
E hoje apenas isso me faz acreditar
Que eu vou chegar contigo
Onde só chega quem não tem medo de naufragar.
(Mafalda Veiga)



Ia na direcção do cais, a menina.
Aquela que tantas vezes se sentou de pernas contra o peito a observar as ondas e a captar a energia do sol.
Lá ia. Lá foi.
Desta vez não se sentou, ficou de pé.
Algo estava a mudar...
Talvez ela própria estaria a crescer, não sei.
Calçava umas sandálias altas e vestia apenas uma saia e uma blusa de verão.
Subitamente desatou a correr, tomando um qualquer rumo que a própria desconhecia.
Também não sei onde foi... Fiquei apenas a vê-la desaparecer no horizonte.
Passadas umas horas recebi uma mensagem escrita no telemóvel...


Decidi fintar as minhas fraquezas...
Tantas vezes observei as ondas e nunca tive coragem para lutar como elas.
Esperava o mundo aos meus pés mas decidi que quero abraçá-lo, senti-lo, vivê-lo!
Um beijinho.


Revejo-me, hoje, nesta menina de traços simples.
Como ela, percebi que existe magia nos pequenos gestos que nos tocam e quero saboreá-la... Cada vez mais!



Deixo um beijinho enorme e um sorriso ainda maior!

segunda-feira, junho 09, 2008

Ele escreveu, ela respondeu. É este o primeiro post, o NOSSO!


Se eu não acreditar em ti, corro com outros os lugares que podiam ser nossos.
Abro as palavras que me vão na alma, na pele e no peito ao rebordo de outra fronha, outro referente e destinatário.


Não corras com outros, dá-me a mão e corremos juntos.
Abre o coração a mim, na pele e no peito que é nosso.
Deixa que o meu colo te sirva de aconchego.


Lol

E seremos nós um único remetente e destinatário.
Transmitamos e recebamos amor, sonho, futuro, plenitude!

Bom, era referente mas também serve...

Remetente pareceu-me soar melhor.
Amas-me?
Pergunto de outra forma
Amas-nos?

Entrelaço-te com os meus planos, consinto que me ligues a ti pelos possessivos e pronomes que até à data, pelo menos e apesar de tudo, ainda continuavam a parecer ser só meus.

É essa a resposta?

Sim...

E lanço um suspiro longo, orgulhosa de ti, de nós!

(E que a verdade nos viva para além de todas as dúvidas.)
.
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segunda-feira, maio 26, 2008


Olá a todos! Bem, a primeira parte de exames terminou mas a segunda está para breve, espero eu (não estar poderá ser muito bom ou muito mau).
Agradeço a todos os que gentilmente comentaram o post anterior e aos restantes, com palavras de incentivo e de carinho.

Pergunto-me se será este o caminho ideal...

Em jeito de resposta:

Em primeiro lugar, meu caro Dominique Ventura
Agradeço do fundinho do coração todos os mimos que me tem vindo a deixar. É reconfortante receber este tipo de palavras de alguém quem não conheço, que não me conhece, mas mais ainda de alguém que não tem um blog, que apenas comenta e visita pelo gosto de me ler e por se sentir bem neste castelo me é tão querido.
Aproveito para confirmar que sim, que o mundo é mesmo pequeno, mais do que imaginamos, por vezes (a Michela foi minha coordenadora no CF. 929, já há uns tempos…).

Retribuo o beijo silêncio, mas com um sorriso do lado de dentro e de fora dos meus lábios…


Querido Dias
A ti as palavras serão sempre poucas.
Desde a primeira vez que te li fiquei presa à veracidade e à audácia com que usas as palavras. Daí a visitar-te diariamente foi um passo.
Será sempre até já, porque o tempo não sabe nada nem tem razão. E porque, sem saberes, sabes que continuo a espreitar-te!
Maior abraço!



Joanne, Bia, Pin Gente, Delusions
A todas, minhas lindas, deixo o meu muito obrigado e um enorme beijinho.


Agora a ti, JP
Não sei muito bem o que dizer. Confesso-me surpreendida. Feliz sempre por me visitares.
A vida é feita de opções que, sendo ou não as mais acertadas, são aquelas que fazemos. Umas vezes porque alguma força nos leva a isso, talvez com o intuito de nos testar e ver o que fazemos quando nos é colocada uma rocha no caminho; outras vezes porque não sabemos o que irá acontecer e acreditamos que esse seja o caminho melhor; outras porque temos vários caminhos e temos que seguir um para que a vida não fique estagnada; outras, ainda, apenas porque sim.
E quando a certa altura verificamos que essa não foi a melhor opção, apenas temos que tomar outra e seguir novo rumo. Custa, claro mas é importante.
Da tua parte não quero suspiros amargos nem dor… Gosto que sorrias, porque assim fazes sorrir todos os que te são queridos, inclusive a mim.
Volta sempre! Cá te espero, tu sabes. Muitos Beijos!



E a menina, indo na direcção do cais, sentiu a chuva chegar.
Então parou e, entre um fechar de olhos e um olhar o infinito na busca da origem das gotas, abriu os braços e apreciou aquele estado de natureza e liberdade como se não houvesse amanhã.
…sorriu!

Porque o silêncio não tem que ser mau, não tem que ser ausência… Por vezes, diz mais até que um montão de palavras.

sexta-feira, maio 02, 2008

Pequena pausa...


Olá a todos! Companheiros de bordo, sopradores natos de palavras, pensamentos, sentimentos e sensações que tão bem enfeitam e fortalecem o meu castelo!
Não sei se já repararam, mas ando muito distante.
Os trabalhos para apresentar e entregar crescem a olhos vistos e, se até agora o tempo tem sido tão escasso, de agora em diante, com o início dos exames, vai mesmo deixar de existir, dado que as aulas decorrem em simultâneo.
A ajudar, estou mais uma vez a mudar de casa.
Tenho andado a mil.
Tem sido uma corrida contra tempo e quase nem dá para respirar fundo.
Optei por uma pequena (mas muito sentida e difícil) pausa.
Espero que seja tão breve como meio pestanejar ou um terço de suspiro.



E sem a lagriminha no olho (porque odeio chorar) digo a todos até já!
Muitos beijos e abraços,
mari crrrrruuuu...

domingo, abril 13, 2008

Retalhos de uma vida


E a menina regressou ao Cais, o refúgio secreto, após tantos dias de ausência.
Levava uma mão cheia de novidades, de todas as cores, formas e tamanhos.
Aquele é o local onde a magia sempre acontece, onde os sonhos ganham força e querem tornar-se reais, onde os medos não são mais que isso mesmo.
Onde tudo é autêntico e não tem mal.
Sentou-se como sempre, apertando os joelhos contra o peito.
As nuvens no céu e a força das águas eram um bom indicador. O sol, ao longe, espreitava. Ela sorria.
Seria apenas mais um encontro, mais um desabafo.
Retalhos de uma vida miúda.
Como quem vai ao baú das recordações e retira memórias distantes, que agora se fazem sentir.
Todos os momentos ficam registados, mesmo aqueles desfocados, em que não se está com um sorriso aberto.
As ondas dizem-lhe que é forte. As nuvens, que também choram e que é isso que as faz desaparecer, enriquecendo os campos e dando lugar ao sol brilhante que preenche o céu.
São retalhos de uma vida, pedaços de um tecido multifacetado.
Não se esquecem, mas podem ser camuflados e cobertos de momentos realmente importantes e especiais.

Today is a gift. That’s why it’s called the Present!

segunda-feira, março 24, 2008











As lágrimas confundem-se,
No brilho do olhar, com o cansaço.
Sorriso mal dado
Num desvario de emoções.
Coração latejante.
Bate depressa em compasso…
Olho semicerrado,
Brilhante,
Não baço.

Vulcão em chama
Que medita e sente,
Que finge e mente,
Que ama à desgarrada.

Corpo delicado
Vestido de mulher
Que é espada
Fogo
Cetim.
E tudo quanto quer.

Que arde, fere e aconchega.
Aqui e agora.
Que rejubila perante o mundo.
Porque o outrora
É só barulho de fundo.

sexta-feira, março 21, 2008

Páscoa Feliz!

Hoje vou postar o texto que postei há um ano, na mesma época.
Sugiro um momento de reflexão...
Sem imagens, as palavras falam por si.
E desejo a todos uma Páscoa Feliz!


“Senhor, esta noite deves estar fatigado, pois estiveste que tempos na bicha do centro de desemprego. Esta noite deves estar humilhado, pois ouviste quantas e quantas reflexões dilacerantes. Esta noite deves estar sem coragem, pois amanhã...
terminarão os Teus direitos:
o direito de Te alimentares;
o direito de sustentares a Tua família;
o direito de viver...
Só Te resta o direito de morrer.
Senhor, esta noite como deves sofrer! Pois eras Tu aquele desempregado que encontrei há uma hora atrás.
Eras Tu, eu sei, porque Tu mo disseste no teu Evangelho: “Eu estava nu, sem abrigo, doente e preso...” desempregado!
Eras Tu, eu sei, mas depressa o esqueci.
Senhor, quão longo é o teu caminho para a Cruz!
E eu que o julgava terminado!Julgava que tinhas, finalmente, chegado lá a cima, ao Gólgota, ao fim de tantas horas de tortura, no auge dos anos trinta e qualquer coisa.
Eu sabia que tinhas vindo até nós, como nós, um entre nós, e que Te tinham visto andar pelo nosso caminho, ocupando fielmente o teu lugar na longa fila dos sofrimentos.
Mas eu não sabia que o teu caminho de Cruz estava inaugurado já de há muito, desde o início dos tempos, quando os primeiros homens, sobre as primeiras terras, sofriam as suas primeiras dores. E não sabia, também, que ele só terminará quando os últimos homens tiverem soltado os seus últimos gritos, nas últimas cruzes.
Pois Tu, Senhor, há dois mil anos, levaste até ao fim a Tua parte, fielmente, perfeitamente.
O caminho da Cruz dos teus irmãos é longo. Muito longo. E Tu não deixaste de ser com eles, por eles, Explorado, Rejeitado, Humilhado, Aprisionado, Despido, Torturado, Crucificado.
Corpo e coração dilacerados, prolongando no tempo o teu sofrimento supremo, em todas as cruzes do mundo, que os homens ergueram.
Agora aprendi, Senhor, que aquele que ama sofre a dor do amado. E quanto mais ama, mais sofre. E tu, que amas infinitamente, sofres infinitamente por nos ver sofrer. É assim que, encarnando perfeitamente todas as nossas dores, Tu és, Senhor, nos teus membros, crucificado até ao fim dos tempos. É essa a tua grande Paixão... do sofrimento e do amor.
Mas esta noite, ao rezar, perante eles e perante Ti, penso também, Senhor, que as cruzes dos homens não aparecem sozinhas.


Somos nós próprios que as fabricamos, em cada dia, pelos nossos egoísmos, pelos nossos orgulhos, no longo mostruário dos nossos múltiplos pecados.
Somos fabricantes de cruzes!
Artesãos por conta própria,
ou em conjunto,
industriais perfeitamente organizados.
Produzimos cruzes em série,
cada vez mais numerosas,
cada vez mais aperfeiçoadas.
Cruzes para homens a morrer de fome.
Cruzes para combatentes em campo de batalha.
Cruzes e cruzes e cruzes...
Sempre cruzes.
De todas as formas e tamanhos.
E se precisamos, Senhor, de ser Simão de Cirene para os nossos irmãos que sofrem, precisamos, também, de lutar todos juntos...
para desmantelar as nossas inefáveis fábricas de Cruzes!”

sábado, março 01, 2008

Cruzamento



Dou por mim a pensar... Pois, porque eu penso demais sobre tudo e analiso tudo vezes sem conta e quase sempre encontro coisas novas.
Cruzo-me...
Com várias pessoas, em vários caminhos, com vários sentires.
Reflicto!
Eu própria vivo num cruzamento entre o campo e a cidade.
O campo viu-me nascer e a cidade acolhe-me todas as semanas.
A água já salgada do Tejo recebe as minhas lágrimas e os meus sorrisos, e conhece todos os meus sonhos. Os mesmos que a água ainda doce do mesmo Tejo só conhece porque lhe vou contando, nas bruscas visitas de fim-de-semana.
Existem diferenças, é claro, mas serão assim tantas?
Então reparo...
Na cidade a vida corre, no campo “vai-se andando”...
Diz-se que as pessoas do campo são mais alegres.
Não creio!
Choram da mesma forma, apenas têm as cebolas para camuflar os motivos... As mesmas que, na cidade, são vendidas aos cubos, na zona dos congelados dos grandes hipermercados.
Desta forma, concluo.
Sou campónia e citadina. E orgulho-me de tal facto.
Tenho em mim um mapa-mundo e espero ter força e inteligência suficientes para chegar longe.
Não em naves, nem em carros super potentes. Apenas com os meus próprios pés. Sem sapatos.
Os sítios por onde passo e os seres com quem me cruzo formam o meu maior castelo, ao qual chamo vida, e cada um é parte integrante do mesmo.



Assim, e só assim, gosto de caminhar...
Porque o mundo é uno, as pessoas é que teimam em dividi-lo.

sábado, fevereiro 23, 2008

Naufrágio - parte VI

Não, não voltei a naufragar.
Aventurei-me e enfrentei o mar e os medos e todos os tormentos de quem muda vida, na esperança de a melhorar.
Aventurei-me!
Assim como entrei no barco que me levou a naufragar naquela ilha desconhecida e a passar tempos e tempos da minha vida naquele mar, ora mansinho ora catastrófico, senti necessidade de me aventurar numa jangada improvisada e abandoná-lo.
Estava a sufocar.
Não foi fácil!
Temia continuar perdida e não conseguir encontrar o meu Norte!
Mas a solidão transformou-se numa boa amiga.
Aqueles dias de tormento ajudaram-me a reflectir e tirei algumas conclusões.
Sou mais além de um corpo. Muito mais!
Tenho em mim uma mente poderosa (só não tem quem não a tenta desenvolver, eu creio).
Percebi que o norte posso ser eu, ou sou mesmo!
Na realidade, por vezes ainda sinto aquela brisa. Não guardo rancores e, estranhamente, é com um sorriso que recordo a ilha e o mar.
Mas não desejo voltar a perder-me por lá!
Posso não saber bem o que quero, mas sei o que não quero.
Encontrei-me aqui e agora e sinto-me bem...
Esta terra é nova, ainda, e tem tanto para eu descobrir!
Temo, claro que temo!
Parece rica e abundante em coisas boas...
Os defeitos existem sempre e estou preparada.
Mas também, que é que perco?


Talvez vá dando seguimento a esta história e o meu Naufrágio não tenha um final.
Talvez tenha apenas um novo título, quiçá...

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

A vida inspira-me!


Sentada sobre algumas meias dúzias de grãos de areia de uma qualquer praia do litoral português, observo o mar e deixo que o primeiro sol de 2008 me inspire.
De pernas cruzadas e com a folha virtual sob as minhas mãos, fecho os olhos e deixo que os sentidos conduzam os meus dedos.

Sinto o cheiro do mar, a força das ondas e a energia do sol.
Num ápice de um abrir e fechar de olhos, observo os viajantes que por mim passam.
Novelos de histórias, metros e metros de novas ideias, invadem a orbe do meu ser.
Assim viajo um pouco mais.
Dou a volta ao nosso planeta e a centenas de outros novos mundos.
Atravesso milhares de outras histórias, tão diferentes das minhas, tão melhores e tão piores.
Tão únicas.



Hoje não quero saber se escrevo bom português ou se apenas agrado a uma pequena porção de “gatos-pingados”.
Nem queria, sequer, escrever.
Mas existem situações que perdem o encanto, quando controladas.

Por isso, deixo os meus dedos saltarem de tecla em tecla, como fazem os insectos nos areais do deserto para não queimarem as patinhas.
O resultado poderá não ser o melhor mas será, para mim, certamente positivo.


Não quero, hoje, saber se escrevo bom português.
Quero apenas viajar por sonhos, captar energias – que até poderão existir em mim.
Quero inspirar-me no sol, na areia, no mar e em alguns olhares e sorrisos com que me deparo.
...simplesmente sentir...

A vida inspira-me!

sexta-feira, fevereiro 01, 2008


Viro uma página da minha vida, uma volta de alguns graus.
Mais uns passos, sinto-me bem.
Olho-te e olhas-me e juntos perdemo-nos num só olhar...
...que é nosso.
Porque nesta estrada sem limites, correr e voar não dá multa.
E descobrir contigo caminhos só nossos é uma sensação boa demais!
A distância agora não me assusta e a proximidade nunca existe em demasia.
Perco-me em sonhos e encontro-me ao encontrar-te, nesta realidade mágica.
E agarro-me a nós.
Não me prendo, deixo-me embalar neste abraço.
Adoro!!!
Agarra-te também, amor, e recebe o meu colo.
Adormece em mim e leva-me contigo no nosso tapete voador...


Para ti, visto-me de sorrisos...
...e fico a olhar-te com estes olhos brilhantes de espanto de quem está a descobrir o mundo.

Porque te amo!

sábado, janeiro 26, 2008

A minha vida não tem tectos.


A minha vida não tem tectos.
Por isso, fechar-se uma porta ou uma janela não implica a perda da claridade.
Aqui cresço sempre: as escadas vão dar ao infinito e todos os degráus são importantes e, quiçá, únicos.
Quando sinto necessidade de descer – para depois subir com mais vigor – raramente piso o mesmo.

Porque a vida – metaforizada nesta escada – é como um rio que corre, e porque o tempo é como o vento que o sopra sempre em frente, cujo retrocesso implica uma nova tentativa e não a repetição da mesma em eco.

sábado, janeiro 19, 2008

Oh, chama-se vida!


As rasteiras da vida tornam-nos pessoas melhores.
Fazem-nos encarar o mundo de outra forma, porque passamos a vê-lo precisamente de outra perspectiva:
-juntinho ao chão, para apreciarmos melhor a sua grandiosidade e tomarmos consciência da nossa exiguidade.
Nunca estamos preparados para novas situações.
E eu não sou excepção!
Mas vou dar este passo.
Apenas porque me apetece!
Um novo final e um novo começo.
Sim, novos, porque todos os anteriores foram iguais.
O passo? Não será maior do que a perna, e se for dou um salto.
Porque, felizmente, posso ser quem quiser. E saltar e correr. Dançar num palco mágico e subir ao céu.
E, se cair, será o chão o porto onde me agarro para não ser levada pelas ventanias do destino.
Um passo atrás poderá ser dado mas prefiro sempre evitá-lo.
Corajosa ou despreocupada? Não importa.


O importante?
Oh, chama-se Vida!

sexta-feira, janeiro 11, 2008

A boneca de porcelana


É a boneca mais linda que já vi – comentava quem passava.
Todos a olhavam com espanto, com encanto.
Na loja das porcelanas, fazia da montra a mais bonita lá do sítio.
Nem o dono a queria vender com medo de perder clientela.
E as cópias nunca eram iguaizinhas. Era perfeita aquela.

Um dia quebrou.

sábado, janeiro 05, 2008

A mudança

Aquele seria apenas mais um dia.
Saiu de casa, mala ao ombro e um estilo clássico, com traços fortes de uma vida dura.
Farta dos berros das crianças do andar de cima, que acordavam com fome a meio da noite, e do barulho - a que hoje se chama música - que ouviam os estudantes do andar de baixo; farta das cusquices do porteiro que, apesar de ser homem, controlava a vida dele e de todos os que por lá passavam; farta dos aviões que passava a cada 10 minutos; farta das conversas sem conteúdo do café da esquina e dos piropos inoportunos dos arrumadores de carros e dos serventes, que sempre existiam naquelas bandas…
Dormia sempre de televisão ligada para camuflar tanto banzé e sentir que era vida aquele estado de existência.
À hora marcada, chegava de táxi à morada que recebera por contacto telefónico.
Iria visitar um apartamento, “um achado”, “numa zona muito tranquila”, como terá dito a proprietária que se preparava para o despachar ao mais rápido interessado.
De facto, era um bom apartamento numa zona tranquila dos arredores de Lisboa.
Saiu satisfeita, prometendo ligar dentro de dois dias para confirmar a compra e tratar da papelada.
“Não se vai arrepender!” retorquiu a proprietária.
Saiu e procurou um café. Andou e andou, certa de que o que precisava era tempo para conhecer a zona.
Não se via vivalma.
Uma série de terrenos baldios em desordem, separados por meia dúzia de prédios e edifícios pré-fabricados decoravam a paisagem.
Encontrou então uma tasca, vazia e de mau aspecto.
“Aqui não se fuma!” foram as palavras de boas vindas.
Tomou café e simplesmente saiu.
Chamou um táxi e voltou para o seu bairro.
Passou pelo sem abrigo od costume e lançou-lhe uma moeda; lanchou no café da esquina e subitamente as conversas ganharam interesse; entrou no prédio e logo foi a
bordada pelo porteiro, “está muito bonita hoje”, e sorriu-lhe; até convidou para jantar a velhota simpática que vivia na porta da frente desde sempre, cujo nome nem sabia.
Foi então que aquela mulher de traços fortes percebeu que, afinal, fortes eram os laços que a ligavam àquele bairro e àquelas gentes.
Deitou-se e… naquela noite dormiu de televisão apagada!


…Porque tantas vezes só damos importância ao que já não temos ou estamos prestes a perder…
…Porque tantas vezes a única coisa que está mal é a forma como olhamos o mundo…
…Porque, simplesmente, somos humanos.