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"Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é so um dia mais."
José Saramago

quinta-feira, outubro 14, 2010

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Aprendi que posso ser uma donzela...

Basta ter um vestido!

E um sorriso!

quinta-feira, setembro 02, 2010

Vá Vila Nova!!


             
             E regressámos nós ontem de uma viagem fantástica.
            Tínhamos conhecido o grupo da Vila Nova, ilha Terceira, em Julho, por ocasião do nosso festival e através de um senhor, o grande Vieira, com quem o meu pai jogou no Vilanovense há 39 anos, e desde o início que percebemos que eram um grupo unido e sempre pronto para tudo. O bichinho ficou e no dia 26 de Agosto lá fomos.
            Levei na mala o essencial… Roupa, alguns acessórios, papel e caneta… E trouxe muito mais!
            A recepção foi fantástica, deu para perceber que iríamos ser bem tratados. Os sorrisos surgiram logo no primeiro instante.
            Ficámos alojados num hotel de 5 estrelas, que é o mesmo que dizer que havia uma sala com camas para 42 pessoas, a água do duche nem sempre era quente, mas isso pouco importava. Receberam-nos de braços abertos, como se àquela terra pertencêssemos.
            No primeiro dia, o destino foi a zona balnear das Escaleiras… Fiquei apaixonada. Tanto que nos dias seguintes voltámos lá. Mar bravio, que vinha até nós desde onde o olhar não conseguia alcançar. Água com temperatura amena, muito salgada, que nos permitia flutuar.
            Nos restantes dias visitámos a cidade da Praia da Vitória (com um apontamento para a casa-museu de Vitorino Nemésio), o Museu do Vinho e a zona balnear dos Biscoitos, onde com pena não pudemos “provar” a água.
            Visitámos também a cidade de Angra do Heroísmo, que é património mundial, com o seu museu de antiguidades feito por habitantes de lá como forma de preservarem as tradições e mostrarem como o tempo faz evoluir tudo, em que encontrei um véu igualzinho ao meu (que já vem do tempo das minhas bisavós), o Monte Brasil… E a Lagoa das Patas… Adorei! Tivesse eu mais tempo para me perder naquele lugar… Provei Chupa-chupas, que é o nome que vulgarmente dão a umas flores amarelas, lindas, que têm um sabor doce, óptimo. Nesse dia visitámos também a queijaria Vaquinha.
            Participámos na procissão e nas festas do Sagrado Coração de Jesus, assistimos ao Bodo de leite, às touradas à corda… Almoçámos na zona balnear e de laser dos Salgueiros… E claro, não podia faltar a animação nocturna. Isto tudo na melhor companhia, que é o mesmo que dizer, o povo vilanovense.
            A chuva e o vento dos primeiros dias não ajudaram muito, mas foram colmatados por um tipo de calor que temporal nenhum ali consegue levar, que é o calor humano. Gente alegre, bem disposta.
            Nem a comida falhou. Saborosa, abundante, desde o peixe à carne de vaca, não esquecendo as sobremesas, hummm!!!
            As paisagens, a vegetação, o cheiro… Não há forma de descrever!
            E as vozes? Meu Deus, nunca tinha assistido a nada parecido. Aquele lugar deve fazer bem à garganta… E à alma também, com toda a certeza! Que terapia!
            Grandes pessoas aquelas! Simples, humildes, com um coração gigante, com um sorriso estampado na cara, com uma disponibilidade única. Uma grande lição para nós, que voltámos com a bagagem mais composta!
            Foi preciso ir aos Açores para ver, ao fim de 23 anos, o meu pai a chorar de emoção. Grande momento aquele!
            Aprendi, já, que o que de melhor posso trazer de um lugar fica gravado no corpo, pelos abraços, pelos sorrisos, pelas sensações e pelos sentimentos, pelo que o olhar alcança e pelo que não conseguimos explicar. A memória de dias, de noites, de momentos. A saudade que nos aperta o coração.
            Há coisas que ficam connosco para sempre. A Vila Nova, e a ilha Terceira em geral, já fazem parte desse grupo!
            A todos fica o nosso muito obrigado!

Mária Pombo

quarta-feira, agosto 18, 2010

E...

…a vida quer agora levar-nos à normalidade dos dias.
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As horas passam a ser horas e não segundos que nos fogem das mãos.
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Fica então a memória dos dias especiais, daqueles minutos todos que desejávamos que o tempo não deixasse passar.
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É por isso que insisto em não usar relógio, porque o tempo tem vários tempos e marca compassos desmedidos.
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Encontramo-nos, em breve, numa qualquer cidade do mundo.
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Numa Lisboa nossa feita paraíso.
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Aquele deserto que se esbate em nosso redor e nos dá a sensação de estarmos sós e sermos só para nós.
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Para ti todos os sorrisos do mundo!

segunda-feira, julho 26, 2010

Estrelinha


Sei que estiveste comigo o tempo todo e que te lembraste de mim estrelinha.
Obrigada.
E desculpa, não fui ao cemitério rezar por ti.
Não gosto, sabes que não gosto.
Prefiro conversar contigo ou escrever-te estas “cartas”.
Obrigada por continuares a fazer-te sentir, e por permitires que eu continue a sentir o teu sorriso e o teu carinho.
Estás, há quase um ano, nesse mundo que desconheço, que acredito ser lindo o suficiente para que te sintas bem.
Mas fazes falta por aqui. E eu sinto-a muito.
Luto todos os dias para chegar à noite e pensar que fui feliz, que valeu a pena, e faço-o sempre a pensar em ti.
Quero que tenhas orgulho nesta neta.


Foi no dia vinte e três o meu vigésimo terceiro aniversário, o primeiro sem te ver e sem te tocar.
O primeiro fisicamente sem ti. Mas contigo no lado esquerdo do peito.
Adoro-te meu anjo.

segunda-feira, julho 12, 2010

...quanto?


Fico presa por um sopro, perdido neste vazio que se chama saudade. 

                                                                    Tua.

                                                           Uma lágrima alegre por teres vindo…

                          E um sorriso de tristeza por ires agora…



 E as despedidas? 
Quanto é que elas custam?

quarta-feira, junho 30, 2010

...nosso Saramago


        
Como referi anteriormente, o link do texto encontra-se aqui.


          

            Romancista, poeta, dramaturgo, argumentista, jornalista… Esposo, pai… Enfim.
            Mas afinal quem foi este homem que causou tantas discrepâncias de opiniões?
            Foi Saramago.
            Como a própria planta que lhe deu nome, cujas raízes são apreciadas como condimentos picantes, ricas em vitamina C, potássio, cálcio, magnésio, fósforo, óleos voláteis, como o óleo de mostarda, que tem propriedades antibióticas, muito apreciada por uns e nem tanto por outros, também Saramago, o nosso Nobel, se revelou desde cedo um homem rico. Rico em carácter, em honra, em sabedoria, em amor à vida, em ideais.
            Era um homem do mundo, que punha a liberdade no topo da sua ambição. Amado por uns, odiado por outros, que também, ao longo da vida, foi criando “anticorpos” contra quem o criticava – dando uso ao seu nome e “bebendo” dele.
            Rebelde, astuto, inteligente. Sem dúvida, magnífico.
            A sua leitura, estranha no início, revela-se depois muito agradável, dado o seu carácter fluente e natural, sem pausas longas, com um ritmo muito próprio. E os seus enredos permitem-nos como que uma “invasão”, de forma a fazermos parte dos mesmos e vivermos e sentirmos o que descreve.

            Mas este homem, antes de ser homem foi menino… Que menino?
            José de nome. Simples, lutador, interessado no mundo…
            Há uns dias recebi de um amigo uma mensagem de telemóvel: “Hoje de manhã estava a ler uma notícia do Saramago em que diziam que ele gostava de olhar o mar… e lembrei-me de ti!”
            Orgulho imenso senti nesse momento, embora milhares de pessoas neste mundo gostem de olhar o mar…
            Na realidade, a Azinhaga onde nasceu Saramago não foi a mesma onde eu nasci, nem tão pouco foi a mesma que é hoje em dia – mais evoluída por sinal, mas ainda assim simples e bela.
            No seu tempo era tudo mais pobre, as pessoas andavam descalças na rua, não sabiam ler nem escrever… Mas nem por isso eram menos sábias ou menos boas pessoas. Pelo contrário, eu creio. Viviam-se mais os afectos, vivia-se mais cada dia porque nunca se sabia o que viria depois. Apreciava-se mais cada pormenor de uma paisagem, o leito de um rio, o sorriso num rosto qualquer.
            E ser simples, lutador e amante da vida não é de todos.
            Ser ribatejano está nos genes, é ter garra, querer sempre mais sem esquecer as origens, que tanto são orgulho para cada um de nós. Ser ribatejano é isto. É ser genuíno.   Como Saramago sempre foi.
            E Azinhaga é isto mas num perímetro mais reduzido, é ter estas características e envaidecer-se com elas, é dançar nas ruas com a genuinidade de quem se olha ao espelho pela primeira vez e gosta do que vê, pensando porventura ser outra pessoa.
            Todos nós sabemos que viveu em Lisboa, mas era das férias que gostava, passadas nesta nossa aldeia, a mais portuguesa do Ribatejo, que revitaliza quem cá passa porque permite beber dela, viver nela, ser-lhe coração.  
            Azinhaga é isto, é Ribatejo, é borda-d’água, lezíria, é campino e é ceifeira, é pescador, é folclore. É amor.
            E o carácter de Saramago não deixava margem para dúvidas. Azinhaguense por natureza, ribatejano de alma e coração, português por orgulho. Nosso. Saramago.


(Este sopro foi escrito por mim e publicado no jornal "O Riachense". Quando a edição on-line for actualizada o link será colocado aqui, por forma a que todos possam ler a reportagem na íntegra, bem como o jornal em si. Obrigada.)

domingo, junho 13, 2010

O meu céu



Da minha casa não vejo o mar.
Mas vejo o céu.
Tornou-se, este, o meu novo refúgio (o cais continua lá, no mesmo sítio, a disponibilidade para o frequentar é que tem vindo a diminuir).
No céu está a minha ambição e estão os meus sonhos.
Reflicto nele o quão longe quero chegar. 

É lá que está o sol que traz calor aos dias, 
                  as estrelas que iluminam as noites (e as estrelinhas de cada um a olharem por todos nós)
                                    as nuvens que têm tanto de confortável por se parecerem com o algodão suave, como de desconfortável ao dificultarem a nitidez do azul lindo como forma de simbolizarem obstáculos a ultrapassar, 
                                                        e os planetas e cometas e outros tantos que nos mostram que não estamos sozinhos. 

Vivo num rés-do-chão, mas quando me debruço na janela consigo tocar lá. 
Naquele céu que é meu.
Basta querer.
Basta fechar os olhos, abrir os braços e sorrir com convicção.
Se cair não me magoo muito, e sinto sempre que aqueles segundos valeram a pena.

Aprendi, já, que não somos o que comemos nem o que vestimos. Somos o que pensamos, o que desejamos.
E somo-lo na medida da nossa convicção.
É por isso que gosto de ser pequenina…
Para poder sempre crescer.

Obrigado.

terça-feira, maio 11, 2010

Um café



E não é que começou mesmo?


Aquele café que estava difícil de se concretizar, que ela fez questão de pagar…
Ele era o mais improvável amigo que o A imaginava capaz de suscitar interesse nela.
E nada nessa noite indicava o contrário.
Ela teria 20 e ele 28 anos.
Foi o café…
                    um olhar ou outro…
                                                     uma troca quase inesperada de números de telemóvel, já no final.
Nada mais.
Estava certa, dizia ela, de não querer ninguém.
Depois veio um jantar…
                                          um beijo…
                                                             e outro…
                                                                             e o último que trocaram foi na manhã de hoje.
E os dias passaram a ter mais cor, uma nova textura, um novo sabor (mais doce, por sinal).
Hoje as certezas são outras e são comuns.
Ela tem 22 e ele 31 anos.


Este post não tem o propósito de comemorar nenhum aniversário, mas sim a vida.
Pequenos momentos, como este, que fazem a diferença.

E vocês aceitam um cafezinho?

sexta-feira, abril 23, 2010

O meu silêncio

Hoje jantei com a televisão apagada.
Chega de más notícias – que são já raras as boas que se vêem nos telejornais!
A minha única companhia foi o silêncio…

Oh como gosto de silêncio! Só eu sei…
Ouvir coisa nenhuma, tantas coisas em simultâneo.
Fechar os olhos e sentir o mundo.

Sentei-me no chão, de prato ao colo. E jantei sem talheres.
Só não jantei no quintal porque não o tenho…

Como eu gostava de ter uma cabana no meio do nada.
Sem mais nada, só a cabana…
E o silêncio.

Às vezes acho que já vivi no tempo da pedra…
E que fui muito feliz por lá!

terça-feira, abril 06, 2010

Mulher



Corpo estendido,
Para o lençol atirado.
Rosto vestido
Em tom acetinado.
Olhar intenso.
Lábios pintados.
Unhas cuidadas,
Um verniz qualquer.

Este ser indefinido,
Quase perfeito,
Que veste pele de mulher.

Pode ser paz, guerra.
Fome ou satisfação.
Pode ser simples ou não.

Pele macia.
Rosto suave e delicado.
Lábios doces,
Definidos.
Cabelo ondulado.

Pode ser frieza ou compaixão.
Amante. Amada.
Inconstante. Despreocupada.

Se quiser.

Pode ser loucura.
Pode ser ternura.

E sempre, sempre, MULHER!

quarta-feira, março 17, 2010

Improviso


Subiu ao palco. 
              
              A mais um palco. 


Não estava nervosa mas tinha receio de se enganar, por não ter treinado bem os passos.


    Tentou e enganou-se.

          
                 Tentou de novo.

                                      Voltou a enganar-se.

                           
                            Fechou os olhos. 


              Respirou fundo. 


Esqueceu a coreografia. 


Sorriu.


          E recomeçou. 


                       Esqueceu a coreografia. 


            Seguiu unicamente o batimento do coração. 


Seria esse o único ritmo que interessava. 


       O palco transformou-se numa nuvem.          
                                                   
                                                               Macia. 


                  Sentia-se exactamente nas nuvens. 


     E naquela sala não havia mais ninguém. 


Apenas ela.  


                    E a sua nuvem. 


                                       E o seu sorriso. 


Não havia café que a fizesse tremer nem pedaço de sol que a encadeasse. 


No final apenas se deparou com uma sala cheia de gente a bater palmas, um barulho ensurdecedor. 


                  Sabe que aquele momento valeu a pena. 


                                            Por ela e para os outros. 


                    Ir contra as regras por vezes vale a pena.

Improvisar vale a pena.


                                                  Ser poeta num palco.


                             Bailarino na vida.  


                Viver.                               Vale a pena.

domingo, fevereiro 07, 2010

Lugares meus

Regresso à terra.
Ao fim de quantos dias? Tantos! Quantas saudades? Imensas!
Onde danço nas ruas com a genuinidade de quem se olha ao espelho pela primeira vez e gosta do que vê, pensando ser outra pessoa. 
É a terra que me faz sentir miúda.
Que me faz querer partir à descoberta, que me faz querer mais.
Mas que me faz querer menos também.
Porque me acolhe sempre, e não guarda rancores destas temporadas.
Tem um cheiro próprio, que eu gostava de dar a conhecer ao mundo.
Mas assim, passaria a ser a terra de todos e não a minha.
Porque todos iriam querer beber dela, viver nela, ser-lhe coração e ter-lhe o gene.
É Azinhaga. É Ribatejo. É borda d’água, lezíria. É campino e é ceifeira. É folclore. É amor.

E Lisboa?
Ai bela Lisboa! Cidade da minha vida.
Que, ao invés, me faz sentir mulher, me envaidece!
Me acolhe e me embala, em tantas noites do ano.
Tantas. Como se dela fosse.
Cidade de mim e do mundo!
Das cores e dos sabores. Das culturas. Dos amores. Passo para o mundo.
Cidade das descobertas e das redescobertas.
Porque a cada instante, em tantas partes, me encontro. Com outros e comigo.
Me perco e redescubro.

Em comum… O Tejo!
Belo e grande Tejo.
Donde partiram as naus e as caravelas dos descobrimentos portugueses.
Sublime. Meu, nosso, vosso.
Tejo é vida, é calma e exaltação. É alento.
Aqui tão perto.

sexta-feira, janeiro 22, 2010

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Não sou poeta.
Nem quero ser.
Uso os sentidos,
A minha mente aberta.
Leia quem quiser,
Se gostar.


O que escrevo vem-me do peito,
E nem tem que estar certo.
É este o meu jeito.
Sou assim.
Só minha.


E se mais ninguém me abraçar
Abraço-me sozinha.
Sentir-me-ei perto
De mim.
Exclusiva de mim.


Como tanto gosto.