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"Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é so um dia mais."
José Saramago

segunda-feira, novembro 16, 2009

Esta noite


Esta noite pude adormecer-te.
Adormeço sempre antes de ti, porque me aconchegas nesse teu abraço perfeito, e quase nunca consigo observar-te naquele estado tão puro.
Tens a pele mais macia que conheço.
A mesma por que me apaixonei logo (lembras-te?) e que as minhas mãos adoram percorrer e agarrar.
Para que não lhes passe ao lado pedaço algum.

Esta noite consegui.
Parecias pequenino, e agora percebo que esta designação que tantas vezes uso não está, de todo, errada.
Olhos fechados e boca semi-cerrada, tão ao teu jeito, tão bonita, tão bem desenhada.
(Sabes que adoro os teus lábios?).
E a tua respiração?
Tranquilíssima, nada naquele instante te afectava.
E isso acalmava-me, também.
Adormece primeiro mais vezes, amor!
Permite-me ganhar mais noites como esta!

Obrigada pequenino!

terça-feira, novembro 03, 2009

A partilha


Mais uma visita ao cais…
O mesmo cais de sempre, com a mesma energia positiva e a mesma calmaria de sempre.
A menina também era a de todos os dias. Calma, serena, e  com aquele olhar grande de espanto, de quem quase renasce em cada manhã.
O motivo terá sido outro.
Não foi para desabafar, nem para ir buscar energias, nem para colher nenhum tipo de frutos que o sol, as ondas, o ar, e o horizonte sempre lhe dão.
Os tempos não teriam sido fáceis, essencialmente pela perda de alguém tão especial.
Nesse dia, e nos anteriores, apetecia-lhe sorrir. Sentia-se feliz. Tinha vontade de abraçar tudo e todos.
Disse-me que não sabe explicar. Sente-se bem, apenas.
Decidira aceitar e sentir os enredos do destino tal como são.
E seguir. Não esquecer, mas seguir.
Parece estranha a conjugação, mas é possível. Reconfortante até.
A ida ao cais foi para isso mesmo.
Partilhar só as tristezas não é leal.
Quisera partilhar também este estado e oferecer um sorriso.
Ao lugar que sempre a acolhe, que sempre lhe dá força, que sempre a abraça e a deixa chorar.
E assim foi.
Despiu-se de vergonha e de preconceitos.
Chegou tranquilamente, abriu os braços, levantou ligeiramente a cabeça. E sorriu.
Não riu nem gritou.
Sorriu apenas. Com paz e sem pressa.