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"Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é so um dia mais."
José Saramago

sábado, fevereiro 24, 2007

Perdida... mas estranhamente feliz!


E sentada nesta varanda, deixo escapar mais um sopro,
ou mais um suspiro,
por entre o intervalo das grades...
Deixo, também que entre, pelo mesmo, o ar que respiro...
Sinto-me bem!
Perdi-me no tempo e no espaço,
mas sinto-me bem!
Hoje sou apenas um pedaço...
de uma vida
mais ou menos colorida...
Sou apenas o reflexo
do que acataram os sentidos de uma existência...
Desconheço a minha essência...
Mas sinto-me bem!
Fecho os olhos e deixo entrar a brisa,
deixo-me levar por ela...
Hoje estou perdida... mas estranhamente feliz!
Perdi-me no mundo, perdi-me de tudo!
Nem a mim encontrei...
Não encontrei o caminho certo,
nem tão pouco o de volta a casa...

Agora já não consigo respirar o suficiente para gritar o que quer que seja...
Já não pertenço a este lugar, nem a este tempo...
Mas sinto-me feliz...
Não livre, não imune...
Presa por estas grades, mas liberta por esta brisa...
Um dia caminharei, voarei livre nesse caminho!


Palavra a palavra, vou encontrando um sentido...
Hoje não o desejo...
Mas, estranhamente, sinto que existe!

...daí o sorriso =)

5 comentários:

Anónimo disse...

E tem dias mesmo assim. Sentimos que nos falta um pedaço, que andamos quase que à deriva, perdidos, sem vontade de achar o que quer que seja, sem vontade de sequer sermos encontrados, mas no entanto estamos bem e felizes. Estranho não é? Agarra-se um pormenor, uma lembrança e ficamos felizes. Hummmm! Eu também tenho dias assim. Um beijo

Stranger disse...

...é tão bom perceber o que dizes nessas entrelinhas que marcam os versos com que nos mandas ao sonho


...e voltar




BeijUH

Anónimo disse...

Maninha, tambem me sinto assim. Ando a descobrir uma parte nova em mim que nao sabia existir, mas tenho saudades tuas. Tens estado tão perto e tão longe. Sei que não te tenho dado a devida atenção, nem te tenho dispensado o tempo que mereces, mas ando a tentar encontrar-me neste lugar, um pouco perdida, onde me encontro. Prometo que será breve a busca (pelo menos assim espero), para depressa voltar. Preciso de ti, mas primeiro preciso de me encontrar. Sinto-me distante e perdida mas feliz tal como dizes por aqui, pois sinto que estou a olhar e a descobrir uma nova etapa da minha vida. Em 11 anos de casamento é preciso descobrir novas formas de amar para não deixar apagar aquela chama tão acesa ao principio mas que o tempo vai soprando e que se vai mostrando cada vez mais reduzida. É essa chama que ando a reacender e que vejo cada vez mais viva. Não sei se é o caminho certo, mas pelo menos é o caminho que há 11 anos escolhi e pelo qual me propus lutar todos os dias da minha vida. Já lhe chamaram a crise dos 30, talvez seja, mas sinto-me cada vez com mais vontade de amar e de me voltar a sentir mulher. Adoro-te, não fujas. Eu estou cá e conto contigo. Desculpa o post tão longo, mas sinto-me inspirada e precisava partilhar isto contigo. És linda. Bjs Big Sister

Anónimo disse...

palavra a palavra vais encontrando um sentido e ao mesmo tempo nos vais despertanto sentimentos que ja mais pensei que podessem existir dentro de mim...

neste caso a solidão!

o olhar a volta e ver que tudo está de costas viradas para nós..

tu retratas muito bem esse sentimento!


beijinhos
nao podia deixar de postar aqui um comment..
estas de parabens

jp

Stranger disse...

Silêncio é a palavra que habita, que palpita
Toda a música que faço.
É a cidade onde aportam os navios
Cheios de sons, de distância, de cansaço.
É esta rua onde despida a valentia
A cobardia se embriaga pelo aço.
É o sórdido cinema onde penetro
E encoberto me devolvo ao teu regaço.
É a luz que incendeia as minhas veias,
Os fantasmas que se soltam no olhar,
Que te acompanham nos lugares onde passeias,
É o porto onde me perco a respirar.
Silêncio são os gritos de mil gruas,
E o som eterno das barcaças
Que chiando navegam pelas ruas,
E dos rostos que se escondem nas vidraças.

Quem me dera poder conhecer
Esse silêncio que trazes em ti,
Quem me dera poder encontrar
O silêncio que fazes por mim.