O que trago hoje é, talvez, um pouco diferente do habitual. Hoje lanço ao vento uma oração, se assim se poderá denominar, para pensar um pouco. Creio ser conhecida de muitos, pelo menos é lida na Via-Sacra cá da terrinha, no momento em que Jesus é pregado na cruz... Enjoy it!
“Senhor, esta noite deves estar fatigado, pois estiveste que tempos na bicha do centro de desemprego. Esta noite deves estar humilhado, pois ouviste quantas e quantas reflexões dilacerantes. Esta noite deves estar sem coragem, pois amanhã... terminarão os Teus direitos:
o direito de Te alimentares;
o direito de sustentares a Tua família;
o direito de viver...
Só Te resta o direito de morrer.
Senhor, esta noite como deves sofrer! Pois eras Tu aquele desempregado que encontrei há uma hora atrás.
“Senhor, esta noite deves estar fatigado, pois estiveste que tempos na bicha do centro de desemprego. Esta noite deves estar humilhado, pois ouviste quantas e quantas reflexões dilacerantes. Esta noite deves estar sem coragem, pois amanhã... terminarão os Teus direitos:
o direito de Te alimentares;
o direito de sustentares a Tua família;
o direito de viver...
Só Te resta o direito de morrer.
Senhor, esta noite como deves sofrer! Pois eras Tu aquele desempregado que encontrei há uma hora atrás.
Eras Tu, eu sei, porque Tu mo disseste no teu Evangelho: “Eu estava nu, sem abrigo, doente e preso...” desempregado!
Eras Tu, eu sei, mas depressa o esqueci.
Senhor, quão longo é o teu caminho para a Cruz!
E eu que o julgava terminado!
Julgava que tinhas, finalmente, chegado lá a cima, ao Gólgota, ao fim de tantas horas de tortura, no auge dos anos trinta e qualquer coisa.
Eu sabia que tinhas vindo até nós, como nós, um entre nós, e que Te tinham visto andar pelo nosso caminho, ocupando fielmente o teu lugar na longa fila dos sofrimentos.
Mas eu não sabia que o teu caminho de Cruz estava inaugurado já de há muito, desde o início dos tempos, quando os primeiros homens, sobre as primeiras terras, sofriam as suas primeiras dores. E não sabia, também, que ele só terminará quando os últimos homens tiverem soltado os seus últimos gritos, nas últimas cruzes.
Pois Tu, Senhor, há dois mil anos, levaste até ao fim a Tua parte, fielmente, perfeitamente.
Eras Tu, eu sei, mas depressa o esqueci.
Senhor, quão longo é o teu caminho para a Cruz!
E eu que o julgava terminado!
Julgava que tinhas, finalmente, chegado lá a cima, ao Gólgota, ao fim de tantas horas de tortura, no auge dos anos trinta e qualquer coisa.
Eu sabia que tinhas vindo até nós, como nós, um entre nós, e que Te tinham visto andar pelo nosso caminho, ocupando fielmente o teu lugar na longa fila dos sofrimentos.
Mas eu não sabia que o teu caminho de Cruz estava inaugurado já de há muito, desde o início dos tempos, quando os primeiros homens, sobre as primeiras terras, sofriam as suas primeiras dores. E não sabia, também, que ele só terminará quando os últimos homens tiverem soltado os seus últimos gritos, nas últimas cruzes.
Pois Tu, Senhor, há dois mil anos, levaste até ao fim a Tua parte, fielmente, perfeitamente.
O caminho da Cruz dos teus irmãos é longo. Muito longo. E Tu não deixaste de ser com eles, por eles, Explorado, Rejeitado, Humilhado, Aprisionado, Despido, Torturado, Crucificado.
Corpo e coração dilacerados, prolongando no tempo o teu sofrimento supremo, em todas as cruzes do mundo, que os homens ergueram.
Agora aprendi, Senhor, que aquele que ama sofre a dor do amado. E quanto mais ama, mais sofre. E tu, que amas infinitamente, sofres infinitamente por nos ver sofrer. É assim que, encarnando perfeitamente todas as nossas dores, Tu és, Senhor, nos teus membros, crucificado até ao fim dos tempos. É essa a tua grande Paixão... do sofrimento e do amor.
Mas esta noite, ao rezar, perante eles e perante Ti, penso também, Senhor, que as cruzes dos homens não aparecem sozinhas.
Corpo e coração dilacerados, prolongando no tempo o teu sofrimento supremo, em todas as cruzes do mundo, que os homens ergueram.
Agora aprendi, Senhor, que aquele que ama sofre a dor do amado. E quanto mais ama, mais sofre. E tu, que amas infinitamente, sofres infinitamente por nos ver sofrer. É assim que, encarnando perfeitamente todas as nossas dores, Tu és, Senhor, nos teus membros, crucificado até ao fim dos tempos. É essa a tua grande Paixão... do sofrimento e do amor.
Mas esta noite, ao rezar, perante eles e perante Ti, penso também, Senhor, que as cruzes dos homens não aparecem sozinhas.
Somos nós próprios que as fabricamos, em cada dia, pelos nossos egoísmos, pelos nossos orgulhos, no longo mostruário dos nossos múltiplos pecados.
Somos fabricantes de cruzes!
Artesãos por conta própria,
ou em conjunto,
industriais perfeitamente organizados.
Produzimos cruzes em série,
cada vez mais numerosas,
cada vez mais aperfeiçoadas.
Cruzes para homens a morrer de fome.
Cruzes para combatentes em campo de batalha.
Cruzes e cruzes e cruzes...
Sempre cruzes.
De todas as formas e tamanhos.
E se precisamos, Senhor, de ser Simão de Cirene para os nossos irmãos que sofrem, precisamos, também, de lutar todos juntos...
industriais perfeitamente organizados.
Produzimos cruzes em série,
cada vez mais numerosas,
cada vez mais aperfeiçoadas.
Cruzes para homens a morrer de fome.
Cruzes para combatentes em campo de batalha.
Cruzes e cruzes e cruzes...
Sempre cruzes.
De todas as formas e tamanhos.
E se precisamos, Senhor, de ser Simão de Cirene para os nossos irmãos que sofrem, precisamos, também, de lutar todos juntos...
para desmantelar as nossas inefáveis fábricas de Cruzes!”
Boa Páscoa!
Boa Páscoa!
5 comentários:
Olá.
Gostei imenso de ler mais este teu post. A "terrinha" é um cantinho especial.
Ainda hoje me disseram aqui numa terrinha ao lado:
".. as pessoas da "terrinha" são diferentes, vivem mais a tradição.."
Vai-se lá saber porquê.
A Via Sacra "cá da terrinha" deste ano esteve muito bem (igualmente nos outros), mas achei que este ano tinha mais "povo". Nem a chuva inicial amedontrou curiosos, crentes e não crentes.
Boa Pascoa e...ai vai mais um sopro...bjo, com saudades..Antonio
O pior é que mesmo commuitas cruzes fabricadas...temos que carregar as nossas
BjU :)
Espero que a Páscoa tenha sido boa.
Bjs* e boa semana!
Ah e não precisa pedir desculpa "invada" sempre que queira é sempre bem-vinda. E eu gostei da citação sobre a diferença entre ausência e distância. Falava mesmo de ausência, também por isso escrevi "saudades de nós" porque o nós já não existe como existiu independentemente da distância.
Bjs* e obrigada pela visita volte sempre
Tem encanto, tem magia o teu espaço...
Beijinho
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